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Entrevista para Luciano Fernandes, Blogdescalada.com:




1 - Juliana, você começou a escalar em Santa Catarina. Hoje você está entre EUA e Brasil. Como foi a sua trajetória para ter esta oportunidade?

Trajetoria? lonnnnga… vou tentar fazer um mini flash back gigante porque uma coisa puxa a outra:

A primeira vez que vim pros Estados Unidos foi em Julho de 1997, numa climbing trip com os melhores escaladores esportivos do Brasil na epoca: Monica Pranzl, Helmut Becker, Fabinho Muniz, Marcelo Braga e o Alvarenga que era mais iniciante como eu. A gente escalou por umas 20 areas entre 6 estados da costa oeste. 

Camp4 1997. Foto: Mauricio Herrera
Ja estava escalando fazia uns 5 anos, tinha pego pódio em varios campeonatos Open brasileiros, ja tinha visitado os principais locais de escalada do Brasil (que ia do RS até MG) e também tinha sofrido um acidente seríssimo onde quase tive o braço esquerdo amputado. Naquele ano tranquei a faculdade de educaçao fisica na UFSC, e com uma pensao que recebia do meu pai estava viajando pelo Brasil so escalando. 
Esse era um tempo sem internet, as informaçoes sobre escalada vinham das revistas gringas que alguns poucos escaladores tinham acesso. Yosemite sempre tava nas revistas. Em 1994 a Lynn Hill escalou a via The Nose em livre, ela ja era minha idola pelas cadenas dificeis e os titulos mundias, mas esse feito em Yosemite foi realmente brilhante. As fotos dela escalando naquele granito liso era muito inspirador, conhecer Yosemite ficou pra mim tão apelativo quanto ir pra lua, escalar a El Captain era pra mim tão distante quanto ir pra lua realmente, mas eu queria ver tudo aquilo de perto. 


Dewil's Tower
A escalada q mais me marcou dessa trip foi o Devil's Tower, com o Marcelinho e o Fabinho {Fabio Muniz faleceu atropelado de bicicleta em 2013}. Ate hoje lembro detalhes desse dia e ali confirmei que esse tipo de escalada em livre, de varias cordadas, de chegar num cume, é o que mais me motiva. Nao ouvimos falar de nenhum outro brasileiro que tivesse ido ali antes da gente entao nos consideramos os primeiros e eu a primeira brasileira a escalar o Devil's Tower. Não guiei nenhuma cordada, o que naquela época não era fundamental para que voce dissesse que fez a primeira ascensao feminina da Montanha. Com o tempo meus critérios ficaram bem mais exigentes. Para mim escalar uma montanha ou uma via, significa participar da escalada efetivamente: guiar cordadas, participar da logistica, dividir os cruxes, seja homem ou mulher.
Cume do Dewil's Tower 1997 com Marcelo Braga e Fabinho Muniz

Tudo me deixou com gostinho de quero mais, principalmente Yosemite onde ficamos so escalamos boulders. Depois de 2 meses todos 
voltaram pro Brasil e eu fui morar em San Diego com uns amigos brasileiros, 8 numa casa de 2 quartos; fiquei 5 meses trabalhando como faxineira e estudando ingles numa free school. 

Em Junho de 1998 ganhei um concurso nacional chamado Marlboro Adventure Team, fiquei entre os 18 finalistas de 30 mil inscritos e fui pro Mexico fazer provas de Motocross, Jeep, e Rapel; La fiquei amiga do David, escalador que no evento cordenava o rapel e morava em Moab. O voo de volta pro Brasil tinha escala em Nova York, desci ali mesmo com 200 dolares na carteira, escalei no Gunks, no Central Park e uma semana depois tava chegando em Moab. 
Verão bombando, aquele deserto vermelho muito quente. Aluguei um quarto na casa do David e ele me apresentou pra galera local. O Brad me arranjou um emprego na cafeteria onde ele trabalhava, comecei limpando o chao e depois fui promovida pra lavadora de louças. Morei por 4 meses. 
Todo mundo que tava la escalando junto virou escalador profissional: Steph Daves, Eric Decaria, Noan Bigwood, Lisa Hataway… Dean Potter tinha acabado de sair pra ir conhecer Yosemite. Entrei num 5.12c esportivo em Mill Creek que quase me saiu avista e onsightei uns outros 5.11 que me serviram como passe pra entrar pro grupo. Foi a melhor época da minha vida, escalava todos os dia, parceiros excelentes que me buscavam em casa e me apresentavam lugares lindos com vias alucinantes. Minha escalada evoluiu muito, passei a entrar so guiando nas vias. Volume de vias avista virou a brincadeira. E o mais legal dessa epoca, aprendi a escalar em movel. Tava no caminho da autonomia que sempre almejei.

Indian Creek foi o lugar que mais gostei, fica 40 minutos de Moab. Aquelas fendas perfeitamente paralelas me conquistaram. 


Escalada em fenda é a modalidade que mais me atrai ate hoje: a arte de subir preenchendo o vazio. é a escalada mais democratica, voce proteje onde quiser (nao fica dependente da altura do cara que bateu o grampo), se for facil estica bem se for dificil proteje mais e no final deixa a fenda limpa pra proxima pessoa fazer do jeito dela.  
O que os EUA tem de melhor é escalada esportiva em fenda. Fendas tecnicamente dificeis, com as proteçoes em movel super seguras, onde o objetivo eh o a vista (onsight) ou a cadena (Red Point). A diferença da cadena esportiva pra cadena esportiva em fenda eh que na cadena esportiva voce pode ter as costuras pre colocadas, na cadena em movel voce tem que lidar com o peso do equipamento e a logistica de como e onde proteger, se as peças forem pre colocadas dai chama Pink Point, nao Red Point. 
Curto as ideias do Royal Robins sobre estilo, tao importante quanto o que voce escala eh como voce escala.

Fui a primeira brasileira a andar por essas bandas: escalei o Castleton Tower (North Chimney 5.9 as 3 cordadas guiando todas a vista), Ancient art (Stolen Chimney 5.10 as 3 cordadas guiando todas avista). Fui a primeira brasileira a mandar 5.11 de fenda, desses de verdade de Indian Creek "Scarface" {depois a primeira a mandar 5.12 em 2007 "Anunaki" }, esse pionerismo onde se apoia o esporte escalada hoje em dia acho super cafona e estimula uma competicao pouco util, mas na epoca achava que estava fazendo historia, sonhava em ser escaladora profissional como esses amigos que conheci em Moab e achava que meu curriculo tava ficando muito ninja. Fui a primeira brasileira a escalar em Zion National Park, considerado o irmão mais novo de Yosemite: Fiz a via "Prodigal Sun" (5.8 C2 em 1 dia), e o Moonlight Butress (5.8 C1em 2 dias), nas duas escaladas guiei algumas cordadas faceis, tudo bem pro primeiro Big wall.

Dezembro me mudei pra Alta uma estacao de ski perto de Salt Lake. Num lindo dia de sol cai esquiando e rompi o ligamento cruzado do joelho esquerdo. 
Janeiro de 1999 tava de volta em Floripa. Uns meses depois ganhei um concurso nacional promovido pela Sportv chamado "Sou a Cara do Role". Mandei umas fotos minhas escalando no deserto de Moab e ganhei um fim de semana com essas cariocas que apresentavam o programa, praticamos sandboard, parapente e escalada. Devido a repercusao dos programas fui chamada pra fazer teste pro Patrola programa que iria estreiar na RBS TV que eh a Rede Globo em Santa Catarina; 

Março de 2000 eu estreiava como apresentadora. Entrei de cabeca na profissao de jornalista, me empenhei mesmo em achar pauta pros jovens Catarinenses. Ao longo dos 3 anos fiz mais de 300 entrevistas com Globais, musicos nacionais e estrangeiros, artistas de rua, pescadores, atletas, entrevistei muitos dos meus idolos, conheci pessoas incriveis e muitos famosos sem talento tambem. 
Virei VIP, era convidada pra todos os eventos da cidade, meu celular nao parava, ganhava roupas, ingresso pros shows, era cortejada por aqueles caras cheios de fas, comprei um carro com meu dinheiro, dava autografo na rua. O programa bombava e eu tinha uma carreira pela frente, mas, adivinha? nao tinha tempo pra escalar. Um dia minha amiga Paulinha me deu uma foto recortada de uma revista: "esse aqui nao eh aquele lugar que tu sonhavas escalar", era uma foto da El Captain em Yosemite. Chorei por algumas horas segurando aquela foto. "A vida eh o que voce faz com as horas do seu dia". No dia seguinte pedi demissao.
Vendi umas coisas, dei outras. O que sobrou deixei na casa da minha mae. Juntei uma grana, arrumei a mochila e parti pruma viagem, uma jornada de auto conhecimento, qual o sentido dessa vida?



Julho de 2003 cheguei no Kauai a ilha mais linda do Hawaii, fiquei 4 meses surfando e lavando pratos, depois fui pro Colorado. 
Passei por Moab e o Brad tinha casado com a Lynn Hill, fui pra Cuba com eles fazer um filme de escalada.  
2004 finalmente cheguei em Yosemite, e na minha primeira temporada escalei a El Capitain pela via "Triple direct" (cordadas divididas igualmente entre os participantes), escalei a East Buttress guiando todas as cordadas a vista, o Half Dome (guiei 18 das 23 cordadas em 9 horas) e mandei avista fendinhas que ate hoje nunca vi ninguem mandar ("the Tube", "Manhana", "Lunatic Fringe"…), foi uma temporada incrivel. Conheci o Bryan no Camp4, escalamos namoramos, 2004/2005 moramos 5 meses na Tailandia, sobrevivemos ao Tisunami… casamos em 2007. 

Basicamente vivo essa viagem ate hoje. Pra cima e pra baixo. Fazendo dinheiro nos EUA e gastando escalando pelo mundo. 


2 - Yosemite é um dos lugares que você chama de "lar" agora. Como é a vida de um escalador em Yosemite? é o paraiso que se imagina? 

O Valley é uma cidade, tem hoteis e atividades turisticas e tambem mercado, escola, hospital, delegacia. Muita gente mora aqui o ano inteiro, a grande maioria trabalhando para o parque e varios desses começaram a escalar agora.

O clima permite escaladas o ano todo em Yosemite, o parque tem mais de 2000 lances entre boulders, vias em movel, vias grampeadas, bigwall em livre, big wall artificial, vias alpinas e no inverno algumas cascatas de gelo; num granito lindo, gostoso, mais liso no Valley e mais abrasivo em Tuolumne que eh a parte mais alta do parque. 
Durante o inverno a galera (geralmente os escaladores patrocinados) deixa cordas fixas em vias classicas das falesias que bate sol, então todo mundo escala sozinho com Mini -Traxon ou outro equipo auto blocante, é  bem pratico. 

Varias geraçoes coexistem, por exemplo: a vida do Ron Kauk, meu visinho escalador que veio nos anos 70 e nunca mais foi embora é diferente do Dean Potter atualmente famoso que esta aqui quando nao esta em outro canto do mundo, ou da minha amiga que trabalha como geologa do parque e so tem livre depois das 6 da tarde e nos fins de semana que é quando a gente tem ido escalar juntas. 

Ja morei meses em baixo dos boulders do Camp4 escalando fanaticamente sem grana e sem conforto. Outros veroes aluguei uma cabana rustica, fazia uns trabalhos temporarios e escalava quando a tendinite deixava; A minha vida de escaladora esse ano ta bem mais de mae do que de atleta; To trabalhando varias horas por semana, quando vou escalar escolho vias que tenham a base boa e segura pra levar a filha junto.   

O Paraiso é onde voce tem saude, tempo, parceria e grana pra ficar escalando, seja onde for.


3 - Para quem tem o sonho de escalar em Yosemite, quais os principais conselhos que daria para a pessoa não se assustar com a realidade de la?

Se é sonho, nao te demores.

O grau das vias acho q é o mais descripante, se prepara pra escalar 5.10. 
Esquece aquelas tabelinhas conversoras de grau, nao funciona pra Yosemite. Aqui que foi inventada essa escala de graus, e no começo era igual escala de artificial com grau limite acabando em 5.10. Varias das vias que voce vai escalar sao dos anos 70 e 80 com graduacoes que so agora a galera ta atualizando nos livros.
5.9 ta mais pra sexto grau e 5.10 pra sétimo comparando com os graus de fenda do RJ e SC. Yosemite nao e' terra pra quem quer pontuar no site 8a.nu
5.6 de chaminé pode ser bem dificil. 
Se voce entrar num 5.10a na base da El Captain chamado Moby Dick e tomar uma surra da via, nao se assuste a maioria passou por isso.

"sons of yesterday" a vista 2008. Foto: Flavio Daflon


Inevitavelmente voce vai fazer umas escaladas que não da pra cair, esticoes faceis mas verdadeiros solos.
Alguns lances de algumas vias sao obrigatorios, se informe antes; Free Blast por exemplo, em alguns cruxes da pra roubar se puchando nas peças (French Free)  mas outros de aderencia sao obrigatorios.
Vias classicas que aparecem nos livros guias com estrelas geralmente são polidas, com agarras de pe que viraram "marmore", cuidado.
O parque é cheio de normas, principalmente no verão. Mas nao desista, fique aqui o maximo que puder e tua escalada vai evoluir certo.
Tudo é muito maior do que parece visto do chão.
As ortigas Poison Oak sao horriveis e estao por toda a parte no Valley, Cuidado.
As ervas sao mais fortes va devagar. 

Os ursos se assustam mais com voce do que voce com eles, se ver um urso espante ele assim como a gente toca o cachorro pra fora do quintal, abra seus braços ficando bem grande, faça bastante barulho e mande ele ir embora.

"The Tube" a vista 2004. Foto: Charles Borgh

4 - As competições de escalada no Brasil estão vivendo um renascimento desde o ano passado. Como uma ex competidora como visualiza as competições de
escalada?

Ainda sou competidora. Nao corro atras, mas se tiver uma competiçao por perto, que tenha uns brindes eu me inscrevo. 
Em 2014 participei da unica competição que teve em Santa Catarina (Campeonato de boulder de Laguna-SC), teria competido em outras se tivessem; fiquei em segundo lugar, perdi apenas pra campea brasileira Camila Macedo. 

Desde a primeira competição que participei em 1994 ate hoje nunca perdi pra nenhuma competidora nascida ou radicada em Santa Catarina, devo ser a unica escaladora brasileira que mantem essa posição de invicta no seu estado por tanto tempo. 
Por falta de acesso escalei pouquissimas vezes em resina, muros e ginasios, o que me aproxima das atletas fortonas esportivas eh que tenho uma leitura de via boa pois estou sempre viajando e praticando a escalada a vista.

Hoje em dia ouço falar mais de festivais do que campeonatos, e principalmente de boulder. Realmente campeonato de boulder é mais legal pra assistir do que de via, mas pra escalar curto mais vias; sera que um dia vai ter campeonato so de fendas? esse eu participaria com certeza.

Em 1995 organizei junto com Ralf Cortes o primeiro campeonato Brasileiro de boulder em rocha, foi na Praia Mole em Floripa, da epoca que ainda nao se usava Crash Pad.

Campeonato sempre foi desculpa pra viajar e oportunidade boa pra conhecer outros escaladores e marcar alguma aventura e essa ultima competição não foi diferente. Conheci a Camila e umas semanas depois estavamos no Rio de Janeiro escalando o Pão de Açucar numa empreitada divertidissima que vou lembrar pra sempre.


5 - Muitos escaladores ignoram a potencialidade de locais para escalar na América do Sul. Quais lugares que você recomendaria fortemente as pessoas
conhecerem em vez de ir para a Europa?

Conheça tudo! O mundo e' seu.

Conheço o Frei na Argentina, passei uns dias no Chile, fui em Machu Pichu no Peru… o q conheço de escalada na America do Sul é o Brasil rodei bastante. 
Pros meus amigos gringos sempre falo de Salinas RJ, os calcarios do Cipo em MG, Petropolis e a Serra dos Orgaos, os boulders nas lindas praias de Floripa. Sempre estimulo essa viagem dizendo que o melhor do Brasil sao os brasileiros e a experiencia como um todo é incrivel, escalador brasileiro é vibe demais. 
Se eu tivesse grana/tempo gostaria de conhecer as escaladas do nordeste do Brasil, também a Esfinge no Peru, Cochamo, Chalten, Rio Turbio ... E' muito lugar né?!


6 - Você é mãe. Como é para uma escaladora ser mãe e continuar a praticar a escalada e o estilo de vida de escalador?

AH! é o momento da verdade, conseguir concilhar as duas coisas: nao deixar de escalar e nao deixar de ser mae. 
Se voce escala pelo esporte, rendimento, grau…com filho voce vai ter bem menos tempo pra voce e seus projetos; se a escalada é um plano pra vida toda, um caminho pro auto conhecimento, a arte com a qual voce interage com o mundo, dai filho so vai adicionar pra esse passeio.  Para alguns ter filhos é um fardo, e todo mundo é bem zeloso quando o assunto é familia, entao falo por mim: Viver a experiencia do parto, olhar os olhos do bebe e ver o universo, amamentar…, foi sem duvidas nenhuma a experiencia mais incrivel da minha vida. A maternidade me encheu de amor, colocou muita coisa em perspectiva. Minha filha é meu guru, grande parceira, a flor mais linda q ha no mundo. Quem tem filho sabe e quem nao tem vai achar o papo chato. 

A Obstetra falou que poderia fazer qualquer atividade que nao aumentasse muito os batimentos cardiacos ou deixasse ofegante. Escalei ate nove meses de gravidez em top rope com a caderinha de bigwall do meu marido. Quando ela fez 4 meses ja recomeçamos as viagens e entre uma mamada e outra eu fazia uns boulders e/ou vias. Criança se adapta muito facil, so depende dos pais. todas as maes escaladores que eu conheco sao maes incriveis, maternidade tem uma logistica de expedicao acho que eh por isso. Hoje em dia tambem tem varios equipamentos excelentes pra viajar e acampar  (Ergobaby, BOB stroller, por exemplo, sao equipamentos incriveis). 
Filho é uma mochila que te da beijos e que tem o melhor cheirinho do mundo e se voce der sorte ainda vai ter alguem pra guiar vias pra voce quando voce for velho.

O que mudou com a maternidade é que fiquei bem mais cautelosa, passei a arriscar menos, busco locais e vias mais seguras, comprei um capacete. Fiquei mais dependente dos amigos tambem, antes precisava de um segue, depois voce precisa de um segue e mais um pra olhar o baby; quem tem amigas, de preferencia outras maes, vai ter mais chance de escalar. 
Em 2014 mandei 7 fendas de oitavo grau, duas delas bem difíceis. Na Hieroglifos, via da pedra do Ser em Petropolis, a cadena so saiu porque a querida Luciana Maes se prontificou a ficar com a Lani na base enquanto eu escalava, assim também a Janaina Xavier ficou com ela enquanto eu mandava a 'Swedin-Ringle' em Indian Creek Utah. Hoje em dia as cadenas sao coletivas. Obrigada amigos e amigas prestativas pela ajuda e que venham mais bebes pra essa familia da escalada.


7 - Reclama-se muito que no Brasil não há uma cultura de montanha forte. Na sua opinião, o que você acha necessário para reverter esta realidade?

Urca RJ, Marumbi PR, Itatiaia… as areas propicias tem cultura de montanha forte eu diria.
Brasil tem um litoral gigante, magnifico, dai a cultura da praia; lugar quente, húmido, se alguém sai do conforto do lar vai pra praia. 
Nos Estados Unidos por exemplo o mar é muito frio, o interior é que é gigante, as áreas de montanha sao florestas de pinheiros, campos abertos, sem muitos insetos, lugares exoticos que viraram parques com infra estrutura (banheiro, mesas, area pra barraca e fogueira…). 
Tem o fator economico, os equipamento de camping sao mais acessiveis (variedade, preço, poder aquisitivo) tem a cultura do motorhome… assim os parques sao frequentados por todos como é a praia pra nos. A maioria dos parques tem pedras, e a maioria dos americanos ja viu alguém escalando e brincou de subir em pedras quando ainda criança (rock scrambling). 
Para reverter, estimular os brasileiros a frequentarem as montanhas, acho que mais parques, áreas com infra estrutura e educação/informaçao sobre a área visitada; 
Mas nao acho q tenha q reverter. Imagina, eu nasci e vive em Floripa onde a cultura da praia e surf sao fortissimos. Acho que o que me atraiu na escalada é que os lugares nao sao crowdiados e eu gosto da solitude das Montanhas, da idéia de ser um lugar para poucos sem muita propaganda.










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